Sobre o Caronte e o Prometeu Enlouquecido

um poema sobre Batman e Coringa.

Baseado em “Cacofonia”, direitos reservados a D.C. Comics e Bob Kane.

Dedicado a Heath Ledger, eterno, e Christian Bale. E a Fabi.

Caronte, o Barqueiro

Caronte, o Barqueiro

Prometeu

Prometeu

Caronte!

Maxie Zeus para Batman

 

Meu nome é Prometeu! E lhes trago o fogo do Olimpo!

Coringa gritando para o povo de Gotham enquanto põe fogo numa boate

 

Mas eis a verdade nua e crua… Eu não te odeio porque sou louco. Sou louco porque te odeio. E sua morte (…) implicara o fim do meu reino de terror em Gotham.

(…)

E aí? Aí então nós dois finalmente seremos livres.

Coringa para Batman

 

 Sobre Caronte e o Prometeu Enlouquecido

I

O canto inicial

Essa é a odisséia

de Caronte, o justo barqueiro

E do Prometeu Enlouquecido

que trouxe chamas e caos ao Olimpo

 

Caronte, o sombrio marujo

Conduzido, guiado por águas escuras

Que dedica sua vida a levar punições

Aqueles que  as merecem

Atravessando o rio em direção ao Erebus de Hades

 

Todas as equações do mundo

Todos os enigmas de todas as quimeras

Não podem definir, contudo,

a Mente furiosa e indômita

do Prometeu Enlouquecido

 

II

canto segundo – dois seres em trevas

Quando encontraram-se

o barqueiro da Justiça

e o Prometeu em chamas

Foi como o encontro de luz e sombras

Ou foi o encontro de sombras em sombras?

 

Os deuses, em sua estranha sabedoria,

predestinaram a estes dois seres

Uma estranha dialética:

Inimigos inseparáveis

 

Uma vez Prometeu disse a Caronte

Que era apenas o segundo maior inimigo

Do barqueiro, pois o maior inimigo

de Caronte era ele mesmo

 

III

canto terceiro – relaçõs de lusco-fusco

Prometeu disse a Caronte

que só queria libertá-lo

Que o amava por seu oposto

E por isso mesmo devia matá-lo

 

Prometeu levava Caronte

as raias da insanidade

Era um demônio de fogo e carne

Que reinava em meio a loucura

 

Prometeu, o pierrô pirotécnico

Trazia trevas com chamas

Aos domínios de Caronte,

que os defendia envolto numa capa

Negra, capa negra como a alma

 Amargurada do Barqueiro

 

IV

canto quarto – Tartáro, Olimpo

Prometeu trouxe o Tartáro

Ao monte Olimpo e pintou

Todo o cenário com morte e sangue

Para Caronte ir, depois, limpar

A desordem criada

 

Prometeu ccantava sua ladainha infernal

Caronte a escutava, enfurecido

Seguindo o rastro ensanguentado

De seu maior inimigo

 

Maior inimigo,

mas também amado e odiado

Irmão; Oposto e Complemento

Prometeu era Caronte em chamas

 

V

canto quinto – dualidade de yin e yang

Antítese, igual, dialético

Pois não haveria sem Prometeu,

Caronte. E, sem Caronte, não

haveria Prometeu

 

Eram tão diferentes e tão iguais

“Você é o mais louco de todos” ria Prometeu

e Caronte assentia a contragosto, sombrio

A risada ensandecida do outro a ecoar-lhe n’alma

 

Caronte não podia infligir

nada ao desvairado Prometeu

Mas recebia todos os malefícios

por sua paciência, em troca

 

VI

canto sexto – tempo final

No derradeiro instante, contudo

Quando Prometeu viu sua imortalidade arriscada

Quando viu a liberdade punitiva a porta

Quando o final de seu tempo se aproximava

 

Caronte ajudou-lhe, estendeu-lhe a mão

e o braço, não deixou seu irmão

Tomar o barco

Que traria a ele o que merecia

 

E por quê?

Porque não havia, nem poderia

Caronte, o barqueiro, sem Prometeu Enlouquecido

E não havia, nem poderia

Prometeu Enlouquecido sem Caronte, o barqueiro

 

VII

canto final

Essa foi a trama, tecida minusciosamente pelas Moiras,

Sobre os irmãos de luz e trevas

Que se completam e se destroem

num ciclo fadado a nunca terminar

 

Caronte – o Justo

Prometeu – o Louco

O Olimpo, a Barca, a Luta

O Tartáro, o Fogo, o Caos

 

Eles não podem harmonizarem-se

Tampouco matarem-se

Não podem consoar

Atrelados eternamente um ao outro, no caos

 

A realidade é simples e única

Irrefurtável

Um só existe com o outro

Essa é a Verdade

 

Ofélia Imortal

O Caronte e o Prometeu

O Caronte e o Prometeu