A Lua que Lídia viu em Roma

“Vem sentar-te comigo Lídia, à beira do rio. 
Sossegadamente fitemos o seu curso e aprendamos 
Que a vida passa, e não estamos de mãos enlaçadas.  
        (Enlacemos as mãos.) “ 

Vem sentar-te comigo, Lídia – Ricardo Reis

Era um grande olho prateado,

cuja alva luz banhava os planaltos

por onde ela corria, todo dia,

quando a vida era apenas harmonia

 

Mas então, dentre os prados verdejantes,

a Sombra apareceu

e apagou sorriso da face dela,

Pobre Lídia!

 

Um punhal sanguinolento

singrou a vida dela,

cobrindo os padros da juventude

de pesados fardos

 

Nunca mais foi a mesma,

sem luas ou pradarias

A vida tornou-se um eterno

crepúsculo,

 

Pendendo entre os evanescentes raios

de alegria e as profundas

trevas,

da  mais insondável amargura

 

por Ofélia Imortal

 

James Tissot - Young Woman in a Boat